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CCBB Brasília celebra os 50 anos do tropicalismo com o “Festival CCBB Quanto Mais Tropicália, Melhor”

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3 anos atrásem
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Brasília de Fato
Tom Zé, Céu, Plap e Pato Fu sobem ao palco montado na área externa do Centro Cultural Banco do Brasil para rever clássicos e cantar os seus sucessos
No final da década de 1960, nasceu no Brasil um movimento musical que estremeceu a música popular e a cultura brasileiras: o Tropicalismo. Para celebrar os 50 anos dessa corrente de ruptura, nos dias 2 e 3 de setembro chega a Brasília o “Festival CCBB Quanto Mais Tropicália, Melhor”, que traz ao palco do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) um dos fundadores do movimento, Tom Zé, além de Céu, Pedro Luís e a Parede (Plap) e Pato Fu. O projeto chega a capital federal depois de sua estreia no Rio de Janeiro, em agosto, e tem curadoria de Monica Ramalho e direção geral e produção da Baluarte Cultura. Os portões abrem às 16h, com o início dos shows previsto para às 18h, na área externa da unidade. No repertório, clássicos tropicalistas e sucessos de cada artista. Ingressos a R$ 20 (inteira).
“A Tropicália, assim como a Bossa Nova dez anos antes, foi um movimento que, acima de tudo, exportou a cultura brasileira de uma forma universal e moderna e não como algo exótico. São obras originais que souberam reprocessar as mais diversas informações para gerar um produto único, cujo impacto cultural permanece. Prova dessa universalidade é que os criadores da Tropicália têm entre seus discípulos e admiradores nomes importantes da cultura pop mundial, como David Byrne, Almodóvar, Beck, Kurt Cobain e Sean Lennon, entre outros”, segundo Cloves Henrique Nogueira, Gerente do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília.
“Um movimento capaz de transformar a cena artística de um país que ainda respirava a pólvora da ditadura, revelando nomes tão geniais que ainda são os nossos ídolos, merece esse tributo ao completar meio século. Convidamos artistas com assinaturas fortes, inspiradas nas tintas coloridas da Tropicália “, diz a curadora Monica Ramalho, jornalista e fotógrafa brasiliense radicada no Rio de Janeiro.
Para a produtora Paula Brandão, sócia da Baluarte, “revisitar movimentos culturais é sempre uma aprendizagem imensa do que somos. A Tropicália nos ensinou a quebrar barreiras, a inovar, a incorporar e misturar. A irreverência e o vanguardismo tropicalista continuam atuais e necessários. O mundo de hoje precisa refrescar um pouco o olhar com as lentes da Tropicália”.
Atrações
No sábado, 2 de setembro, a cantora e compositora Céu mistura São Paulo e os ares “Tropix” a clássicos como “Vapor barato” (Jards Macalé e Waly Salomão, gravado por Gal no LP “Fa-tal”, de 1971), “Nine out of ten” (do disco “Transa”, gravado em 1972 por Caetano no exílio londrino pós Tropicalismo) e “Back in Bahia” (escrito e cantado por Gil no disco “Expresso 2222”, de 1972) antes de o baiano Tom Zé, tropicalista por excelência, cantar os seus sucessos em nome de todos que, junto com ele, sacudiram o país. Tom Zé promete relembrar a sua “Parque Industrial”, que está no disco “Tropicália ou Panis et Circensis”, de 1968, mais “Tropicália” (Caetano) e “2001”, parceria de Tom Zé e Rita Lee gravada pelos Mutantes, entre outras.
Tom Zé, aliás, não vê a hora de cantar no CCBB Brasília. “Quanto mais Tropicália, mais riqueza. Quanto mais Tropicália, mais divulgação do Brasil. Quanto mais Tropicália, mais tropas de luz. Ouvindo o nome do festival, a gente se sente assim. Ainda mais com a sugestão de concretude vinda de Tropicalea, palavra que contém a expressão de Júlio César, Alea jacta est (a sorte está lançada), dita quando ele ia atravessar um rio, tomando uma decisão para a grandeza de Roma. Ensaiando o show, essas emoções acompanham a gente”, filosofa o mestre.
Já no domingo, 3 de setembro, o batuque animado e carioca da Plap abre a noite e promete colocar todo mundo para dançar ao som de “Bat Macumba” (1968, Gilberto Gil e Caetano Veloso, também do álbum legendário) e “Alegria, alegria” (Caetano), antes de a banda Patu Fu, liderada por Fernanda Takai, arrebatar o público com seu pop rock mineiro que remete aos Mutantes. No roteiro tropicalista, estão “Qualquer bobagem” (1969, de Tom Zé com o trio Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sergio Dias) e “Ando meio desligado”, sucesso dos Mutantes de 1970, regravado pelo Pato Fu em 2001, no disco “Ruído Rosa”.
“Os tropicalistas levaram a cabo a explosão daquilo que teve seu pavio na antropofagia proposta por Oswald de Andrade. Nos traziam Beatles e Gonzaga; Stones e Jackson do Pandeiro; liam Vicente Celestino mutantemente! Desde sempre somos frutos da mais rica miscigenação, mas é preciso coragem estética e poética para assumir isso como assinatura e pela ótica do orgulho. Não resta dúvida de quanto os tropicalistas foram signatários dessa manifestação”, pontua o cantor e compositor Pedro Luís, líder da Plap.
Poesia entre os shows
O poeta Paulo Sabino vai recitar textos da época – um deles, escrito pelo designer, compositor e artista plástico Rogério Duarte (responsável por diversas capas de discos dos tropicalistas), nos intervalos dos shows. “Sou um grande fã de tudo o que representa a Tropicália e estou feliz por fazer parte do festival ao lado dessas feras todas, e do Tom Zé, um tropicalista nato. Tudo divino-maravilhoso”, destaca Sabino.
Atrás da Tropicália só não vai quem já morreu
O festival vai celebrar as cinco décadas de um dos movimentos de vanguarda mais importantes da nossa cultura, realizado por um grupo de artistas majoritariamente baianos, no final dos anos 60. Tudo começou com o Festival de Música Popular Brasileira, na TV Record, em 1967, quando Caetano Veloso conquistou a juventude com o brado à liberdade de “Alegria, alegria”, e Gilberto Gil com a intrépida “Domingo no Parque”, mesclando percussão, orquestra e o rock dos Mutantes. Era uma síntese do que estava por vir.
A garotada se identificou com a ruptura proposta e o sucesso foi estrondoso porque os que mergulharam nas experimentações estéticas sob o guarda-chuva do tropicalismo sobressaíam das outras turmas – bossa nova, jovem guarda e quem fazia a canção de protesto contra a ditadura. O lançamento do elepê “Tropicália ou panis et circensis”, em 1968, consolidou o movimento como uma das mais originais expressões sonoras do país.
A Tropicália se fez valer através da ousadia dos supracitados Caetano, Gil mais Os Mutantes, Gal Costa, Tom Zé, Nara Leão, Torquato Neto, Rogério Duprat, Rogério Duarte, José Carlos Capinan. Eles promoveram uma mistura sem precedentes da música, juntando o rock psicodélico e a cultura popular, incluindo violinos, berimbaus e guitarras elétricas na mesma faixa. Para isso, se valeram das premissas do Movimento Antropofágico, do modernista Oswald de Andrade.
O movimento chegou ao fim, depois de um ano, num show de Caetano, Gil e Mutantes, no Rio. Eles hastearam no palco a bandeira “Seja marginal, seja herói”, de Hélio Oiticica, que traz o rosto do traficante Cara-de-Cavalo, morto brutalmente pela polícia. Caetano cantou o Hino Nacional com trechos ofensivos às Forças Armadas e foi preso naquela noite, junto com Gil.
A dupla seguiu para o exílio onde Gil gravou o clássico sucesso “Aquele abraço” e Caetano gravou “London, London”, entre outras obras-primas. O movimento acabou justamente por essa ausência. No entanto, individualmente, ambos continuaram a inspirar os seus pares e também os criadores que vieram depois, até os dias de hoje. Sim, a Tropicália ainda ecoa na produção artística brasileira. Pato Fu, Céu, Plap e Tom Zé estão aí para comprovar.
Programação:
2 de setembro – Céu e Tom Zé
3 de setembro – Plap e Pato Fu
Serviço:
“Festival CCBB Quanto Mais Tropicália, Melhor”
Data: 2 e 3 de setembro
Horários: Os portões abrem às 16h e os shows começam pontualmente às 18h
Local: Área externa do CCBB
Entrada: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Clientes BB pagam meia-entrada
Venda de ingressos pelo site http://www.maistropicalia.com.br e na bilheteria do CCBB Brasília.
Classificação indicativa: 16 anos

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